sábado, 21 de abril de 2012

COM A PALAVRA O CORREGEDOR





Visitamos as comarcas de Vitória da Conquista, Poções, Planalto e Feira de Santana. Em audiências públicas, ouvimos juízes, servidores, promotores, defensores públicos, advogados, e a comunidade através de seus representantes.
Nessas Comarcas faltam juízes, servidores e infraestrutura para desenvolvimento dos trabalhos, em Vitória da Conquista há um Cartório de Registro Civil, em um dos distritos, que não tem água, nem luz, na sede uma Vara que dispõe de apenas dois servidores, nessa Comarca, segunda mais importante do interior da Bahia, será instalada a única Vara de Família, de conformidade com a Lei de Organização Judiciária e autorização do Pleno que se deu no ano passado. Na Comarca, falta segurança, as instalações do fórum são precárias e o quadro de magistrados e servidores está incompleto.
A Comarca de Feira de Santana também tem as mesmas deficiências de Vitória da Conquista. Apenas quatorze juízes para mais de vinte Promotores. Existe uma Vara que não
tem gabinete para o Juiz. Um Cartório, em um Distrito de Feira, há muitos anos, praticava o ato registral, mas não averbava no livro. A situação está sendo resolvida agora.
Formamos, em experiência piloto, um Grupo de Saneamento, composto por assessores do gabinete e da Corregedoria, e fomos à Feira, a recepção dos juízes e servidores daquela unidade foi de grande alegria, como se estivessem recebendo heróis de batalha. Ainda nesse mês estaremos com esse mutirão em Carinhanha e outras Comarcas.
A Comarca de Dias D’ávila não dispõe sequer de um Oficial de Justiça e a juíza tem cerca de 500 caixas de processos despachados, mas paralizados porque está sem servidor para cumprir as decisões. A juíza da Comarca de Valença administra a Vara Criminal com aproximadamente 500 presos.
Sabemos que iremos nos deparar com quadros diferentes, mas nessas Comarcas os juízes e servidores trabalham além do que deviam. São apenas algumas ocorrências para que se avalie a inusitada situação do Judiciário nas Comarcas do Interior. Assim, não tem como acabar a morosidade!
O gestor depara com sérios obstáculos para administrar a situação, face à omissão e até criação de dificuldades advindas do próprio Estado. Reclamam-se providências.
Os concursos para juízes, em andamento, o de servidores extajudiciais, iniciado em 3 de agosto de 2011, e o de judiciais, ainda não aberto o edital, devem ser realizados o mais breve
possível, senão o caos total se instala.

Salvador, Abril de 2012,

Des. Antonio Pessoa Cardoso
Corregedor das Comarcas do Interior

Fonte: Boletim da CCI do Tribunal de Justiça da Bahia, Ano 1, n° 2